terça-feira, 11 de março de 2014

Humano depois de tudo

Sempre queremos ser melhores do que a nossa natureza, ser melhores do que um ser humano. Fazer mais do que nosso corpo permite, do que nossa mente aguenta. Queremos resistir o sono, seja ao dormir tarde ou ao acordar cedo. Tentamos comer mais do que nosso estômago pode aguentar e em alguns casos não comer quando deveríamos. Praticamos exercícios que desgastam nosso corpo além do limite como se fosse uma máquina, ou não fazemos absolutamente nada mesmo nosso corpo necessitando de um mínimo de movimento. Desenvolvemos atividades que possam nos trazer reconhecimento, satisfação e para isso ultrapassamos todos esses limites aí. Às vezes a capacidade de amar pode ir contra nossa natureza, quando nos auto-destruímos por alguém, ou quando negamos nossos sentimentos. Por mais que alguma das vezes tenhamos que escolher em nos sacrificar de uma maneira ou de outra, a maioria das vezes queremos ir muito além da nossa capacidade mesmo isso tendo uma necessidade. Temos uma necessidade natural de aventura, queremos correr riscos enormes por alguma realização ou pelo simples prazer. Jogamos alto, nos arriscamos e nos destruímos por vontade própria e pelo prazer. Isso tudo além do enorme esforço que a nossa rotina pode nos requerer de ultrapassarmos nossos limites. No final de tudo isso a conclusão é que somos humanos depois de tudo, porque no final, o atleta campeão, o gênio da matemática, o poeta amado, todos esses caem de sono no final do dia (isso quando não tem insônia, da mesma maneira ficam deitados em suas camas em algum momento esperando o sono vir como a criatura mais frágil da face da terra). A nossa necessidade de superar nossa natureza é também nos é natural, e vivemos nesse conflito de dominar e sendo dominados pela preguiça, pela gula, pelo carinho, pelo impulso, por falar da vida dos outros, por fumar um cigarro, beber uma cerveja, por negarmos nós mesmos em algum momento talvez escondido num padaria no outro lado da cidade. Pela nossas fraquezas descobrimos nossa humanidade, nossa igualdade e conseguimos enxergar o outro, enxergar a natureza das coisas, que se tem um limite, um limite da ação e um limite de ação.