quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Como pensei escrever no facebook a partir de Marcel Proust

Emoções passam depois de tanto tempo fazendo a mesma coisa, pensando no mesmo objetivo. Não sei qual dos meus objetivos cumpri. Às vezes penso que o pior é depois de ter cumprido não sentir nada em especial. A gente volta ao lugar que esteve e sente muito bem mesmo que quis fugir dali no passado o mais distante possível.
Carlos ouvia seus discos do Pink Floyd porque se identificava com aquela música tão enigmática. Para ele tudo era muito claro, pois além de entender o que o compositor queria dizer através da letra, a melodia falava por si só. Sentia-se único e ao mesmo tempo um tanto solitário, o fato era que poucas pessoas tinham o mesmo gosto que o seu. Com isso não tinha com quem conversar sobre seus sentimentos ou opiniões sobre muitos assuntos. Caminhava sozinho até o centro da sua cidade e se dirigia a certa praça.
Ele gostava de ir aquela praça, pois era razoavelmente movimentada lhe trazendo segurança. Mas o local em que se sentava era mais reservado, tornando o ambiente mais propício a sua leitura. Sentava-se num banco a beira de uma fonte, ele gosta muito da água. Não sabia se ia nesse local com a esperança de encontrar alguém que perguntasse sobre o que lia ou pra estar em contato com o ambiente urbano que tinha pouco que seja de natureza também. Seu sonho era ler numa floresta, a ideia dum local cercado de árvores o encantava. Ele tinha um receio se seria viável permanecer certo tempo numa floresta, se poderia haver lá algum animal que o incomodasse bem, mas tinha esse sonho.
Um dia Carlos pensou em algum dos poucos locais que ele gostasse de encontrar pessoas tendo em vista que o fascinava locais mais solitários como as tais florestas, desertos, campos e alguns locais urbanos. Pensou que talvez uma livraria ou um café que lhe agradasse, isso lhe conferia demasiado requinte. Pensou agora se não houvesse locais mais convencionais.
Esse local poderia ser um bar em que pudesse sentar numa mesa para olhar a rua. Melhor ainda se fosse numa cidade litorânea que pudesse contemplar o mar. Foi ao bar que ficava próximo a sua casa, pediu uma cerveja para que pudesse ficar ali por algum tempo. Como o local estava um pouco cheio, um senhor pediu para dividir a mesa para sua cerveja também e poder fumar, visto que no interior do bar não podia. Conversaram poucas coisas, o senhor falou que gostava de ir ali porque era um lugar tranquilo e a cerveja até que era barata. Carlos disse que saiu para dar uma volta e acabou decidindo beber por ali.
Esse acontecimento lhe rendeu um conhecido, apesar de poder conversar com ele sobre as músicas que escuta ou livros que lia podia ao menos falar sobre assuntos do cotidiano ouvindo a opinião de alguém.
A rotina mostra que acumulamos muito conhecimento sem perceber. Dos acontecimentos banais e histórias que ouvimos vamos construindo toda uma sabedoria que nos auxilia em algum momento. Muitas vezes pensamos em construir nosso intelecto em momentos específicos, porém tem sido extramente necessário quando achamos que estamos perdendo tempo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário