sexta-feira, 19 de agosto de 2011

vôo aberto

Sair por aí e ser o mais livre possível, você tem meu coração, vamos estragar nossa alma com um pouco de nós mesmo. Conflito interno entre qual lado seguir nisso, na ficção ou na divagação. Caos momentâneo super organizado que pra mim não tem nada de novo e nem extraordinário, a cor da paixão poder ser um cinza. Artistas cantando covers parecendo a melhor coisa de nunca.
Mauricie saiu pela rua chutando latas de lixo e pulando com uma garrafa de Martini na mão porque não era dos que bebiam muito, fez isso na madrugada deserta porque não era um vândalo e morria de medo da polícia, só queria ouvir o barulho das latas e morria de medo da polícia ou de qualquer um que o pudesse o repreender, mesmo no twitter no dia seguinte, toda uma mistura de coisas estranhas não declaradas. Escondia ao mesmo tempo seus filmes eróticos e seus livros místicos, era tão vergonhoso um como o outro pra ele, por isso se fascinava por coisas não convencionais e de pessoas que iam além e tinha lá suas extravagâncias também e que respeitavam as pessoas antes de a repreenderem ou serem autoritárias com elas.
Depois da euforia sentou no meio fio, numa rua onde se sentiu o mais seguro possível e ao mesmo tempo solitário e sozinho, o bom de ser solitário é poder ficar sozinho. E ficou amargo, muito bem e amargo, bem Portishead, um sol queimando seu rosto no dia que sentia a dor a noite, como poderia ser tão bom e ruim o dia e a noite. Um podia ser quente demais e outro frio demais. Ele gostava de ruas que pareciam perigosas mas onde passavam mulheres, porque se passam mulheres é sinal que o lugar tem alguma segurança ainda, é como se você visse flores num campo e imaginasse que ali há vida.
Este garoto se sentia que sempre batia em vidraças que nem pássaros que não percebem o vidro que há no vão e tentam atravessá-los, e de repente de forma dolorosa são barrados de uma maneira arbitrária e como se fosse aquilo mesmo, talvez não devessem haver vidraças. Mauricie tirou um cigarro e começou a fumar, lembrou que fumar não era tão bom às vezes, mas pior do que fumar e ter uma sensação ruim é a sensação não ter cigarros, é péssima, porque cigarro é a melhor companhia para solidões poéticas, tragédia romântica. É, ele era assim, muito sem graça, muito parado e nem aí pra nada, perdido na infância, nos anos 90 ou naquela noite muito louca com seus colegas.

Но если есть в кармане пачка сигарет,
Значит все не так уж плохо на сегодняшний день.
И билет на самолет с серебристым крылом,
Что, взлетая, оставляет земле лишь тень.

(Mas se eu tenho um maço de cigarros no meu bolso,
Então hoje não será tão ruim,
E uma passagem para um avião com asas prateadas,
Que irá voar afora, deixando apenas a sombra no chão...)

Пачка сигарет - Кино

Nenhum comentário:

Postar um comentário