sexta-feira, 29 de julho de 2011

Ele é Kurt Cobain sim.

Todos acham que tudo é tão claro e tão certo que o resto é coisa de sonhadores, vagabundos ou magnatas. Porém não é, talvez é mais fácil perceber as coisas quando está longe das influências, quando algo é provado, é marcado e valorizado. Como Van Gogh, o ilustre, o eterno. Não vivi na época dele, tão pouco posso chegar perto de seu brilhantismo mas comparando-o com algum artista da atualidade como, como, quem? Tinha vários nomes na minha mente, mas os que pensava foram ouvidos de imediato ou ganharam fortunas e tiveram acesso às formas mais sofisticadas de alienação: as mais puras drogas, os mais belos vestidos dos mais caros estilistas, as casas com projetos mais contemporâneos dos arquitetos mais pritzker prize. Com sucesso, com afirmação social é muito (muitíssimo) fácil e delicado sua vanguarda, aí ser vanguarda é ser progresso e é bonito, é o bom aquário, o aquário tipo direita conservador que traz a indústria para sua pequena cidade dominada pela ignorância. Mas o que não pode ser dito e mostrado através de quem desafia o "coisas como estão" deve ser mantido escondido, marginalizado, torturado pela sociedade e vivendo como se fosse a criatura mais atrasada dos guetos da promiscuidade metropolitana vivendo de restos da obrigatoriedade filantrópica que o conduz ainda mais para a imagem de descontente sem lógica alguma de sua condição. Isso requer muita pouca habilidade para qualquer um o desprezo pelo indivíduo, mas requer um grande esforço de quem tem esperança viver amargos amanhecer e noites de frio cortante de emoções obscuras.
Tão simples também é ganhar todas as condecorações pela ignorância, futilidade, por ser um completo desperdício de apreço no tempo e espaço. O mais do mesmo será premiado, não como uma fórmula de sucesso, mas justamente o contrário disso, uma exaltação ao fracasso, mesmice, a tu saber coisa alguma. Até as coisas mais ridículas podem desenvolver um mínimo de consistência e aí já será rejeitado. Isso é muito claro visto que você poste um vídeo na world wide web de alguém fazendo qualquer banalidade é mais apreciado do que algo que tenha o mínimo de utilidade e agora você transforma isso numa indústria, e muitas e muitas indústrias formam a situação existente no meio social. É difícil fazer uma música, é sim. Mas em qualquer música popular contemporânea tem muito trabalho investido na gravação de um álbum, melhores estúdios, investimento caríssimo que tem alta qualidade, o cantor muitas vezes tem uma voz de dar inveja a qualquer canário de gaiola, mas aí você ouve uma música escrita por uma pessoa que o requisito mínimo que ela necessite é que seja alfabetizada e com também sensibilidade mínima de um agressor de mulheres cotidiano. Arte isso? Bem isso acontece na música, esta que toca mais alto das artes e é possível notar pois pode nos incomodar muito em qualquer lugar. Não é a toa que alguém que fizesse sucesso num meio desses sentiria a pior coisa do mundo, é como se fosse reprovado no grande teste, ao menos que essa pessoa esteja indiferente ao que faça e queira o momento apenas.
Duas constatações que fiz, que devem ser muito antigas, acho que isso deve trazer uma grande experiência, um grande peso a civilização, esta que pode jogar muito sujo, cometer grandes erros e concertá-los errando mais ainda. Não há o que fazer com todo o lixo que produzimos mas também não precisamos se alimentar dele. Porém se só houver lixo é a unica coisa que sobrará para nós.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Já tive verões melhores

Começa mais um dia ensolarado naquele litoral, e o nobre James analisa o que lhe sobrou para esse ano, permanecer sozinho em sua casa gigantesca administrando suas obras, sua fábrica de vinhos. Um empresário e um artista ao mesmo tempo, difícil achar tão grande completude em um homem daquela classe, pois empresário eram muito frios e artistas irresponsáveis e decadentes. Mas este tinha alcançado o equilíbrio. É, mas isso não estava claro para ele, seus amores estavam meio distantes, por mais próximos que estivessem, mas na verdade estavam longe fisicamente mesmo nesse momento. Conversava ele todas as noites com sua solidão regada a um belo romantismo intrínseco de sua alma.
Decidiu que nesse verão, podia estar um passo da queda, mas não iria abandonar suas paixões, suas apostas que eram insanas para o "mundo" e correria com sua velocidade máxima. Provou belos sabores algumas noites no vilarejo, viu que havia alguma coisa ainda que podia lhe fazer sentir vivo e forte, viu o desconhecido tão belo, tão caótico, tão feito pra ele, que se tivesse desenvolvido um trabalho minucioso durante muitos anos só pra ele e lhe fosse apresentado assim de repente num dia só.
Isso foi o máximo para sua estima, para seu rosto, sua epiderme. Correu mais uma vez, foi andar a cavalo, coisa que não fazia a muito tempo, mesmo sendo isso uma de suas paixões, mostrava o grau de abdicação que ele estava dele mesmo. Aquilo que acontecera naqueles dias realmente o havia despertado, tomara a bebida mais alucinante e forte possível. Está feliz tanto nem o se dava conta ou mesmo ligaria para isso, sentia inatingível.
Porém, sua vida é feita de compromisso, nesse exato momento ele via que tinha de tomar decisões, na verdade achava que tudo já estava determinado a partir desses acontecimentos, mas ainda sim via pra onde ia andar tudo isso e tendia a ficar inerte, queria não mover um músculos, dizer uma palavra, ao mesmo tempo isso seria devastador e revolucionário. Se quisesse que tudo ficasse do mesmo jeito deveria agir como antes, mas agora nada mais disso tinha sentido, isso foi amargo comparado com a nova sensação.
Decidiu então mudar o cardápio, e provou do que sempre teve receio de, e viver como se finalmente fosse sua essência. Isso ainda seria uma questão de hábito. Ao mesmo tempo descobriu que deixasse a si um pouco fora de controle não iria ladeira abaixo como sempre pensou, parece que tinha alguém, algo, a conduzir, te segurar.
Ao mesmo tempo, viu que ele era muito bom em algo que nunca pensou que fosse, quando ouviu: "E a minha segurança?". Por mais que não tivesse a mínima segurança em si e proteger alguém, por mais que quisesse ficar submetido, sujeito a tudo, quando ouviu aquelas palavras seus olhos brilharam e sabia que tinha alguma, muita força, quando necessitada. Mesmo não sabendo como agir, apenas consentiu em desempenhar aquele papel.

domingo, 3 de julho de 2011

mãos amarradas

Eu sei que esta época tem trazido não sei porque um sentimento de falta de assuntos, de escrita, de acomodação. Não sei se é o frio, mas parece que o ativismo está sendo colocado como fora de moda, como ultrapassado. Eu estou me sentindo assim também, desesperançoso e com frio, porém com muito esforço e algum tempo livre estou tentando quebrar esse paradigma ridículo. Vejo a cansaço, a acomodação tomar conta dos mais libertinos, e jovens tímidos começarem a nos ensinar. Lógico que gerações são superadas, mas ainda temos muito que causar.
Em nome do medo dos mais velhos, dos mais acomodados, que não querem o novo, as coisas ficam mais difíceis ainda para quem luta pelos seus direitos, pela natureza, pelo misticismo, pelo emprego, pela alegria, por uma noite de farra e bebedeira. Os que conseguiram chegar na lama da aceitação dessa sociedade podre querem arrastar os outros. Como se não fosse o bastante muitos não quererem mudar o mundo, ainda usam de artifícios para ficarem por cima e mostrarem que não são eles os errados e dizer que tudo está tudo bem.
Agora tenho visto posso ter paciência e não ser tirado do sério por qualquer moralista de pijamas e não ter vergonha de ser um ativista ou de querer ser pelo menos.
Muitos usam de uma extravagância para tentar passar alguma coisa nova mesmo sendo cada vez mais retrocessos. Se vê muitos programas de televisão ou revista que investem muito mais em alegorias e cenários que parecem novidade mas são coisa da vanguarda da primeira metade do século passado. Apesar de a moda e a arte ser muito útil para as mudanças essenciais da vida, do mundo, do isso que vivemos que não conseguem explicar. Mas a moda e arte não são valorizadas em sua essência e sim seus pseudos.
Para se ter uma ideia de como essa sociedade quer continuar atrasada é caso do STF julgando sobre assuntos que devia ser por aclamação popular. Mas diria que o STF tem forçado a justiça no Brasil, tem sido bom até agora mas muito devagar. Enquanto as leis caminham devagar a sociedade está paradíssima.
Tento tirar raiva de nós jovens, amantes, para que não nos destruam por dentro. Se não nos ajudam vamos tentar nos ajudar. Reunir o mínimo de capacidade que os jogados pelas ruas reúnem e se organizar, já diria GLEE. Fazendo as coisas que com humor pelo menos da uma pequena proteção contra esses estagnados que pensam já terem ganhado a guerra desta século. Apesar de hoje não sermos tão chamativos como a juventude de 6o's, temos muita vontade e pretendemos fazer muito sexo ainda.
Os vícios tem sido um fator chave, uma arma muito boa pois é rejeitada pela sociedade mas muito usado por todos, tá levando os jovens de hoje para os extremos, seja de suas realizações ou de perdição total. A decadência da maioria dos passionais de hoje é um apreço a viver muito bem vivido e um protesto a imobilidade das coisas, a fuga das coisas, da cegueira. Se somos obrigados a viver assim, não seremos seus escravos competentes, destruiremos em nós tudo que servir de uso para vocês: patrões, religiosos, pedófilos de família, cidadão de bem.
Paralisado pode estar nossos corpos, nossas marchas mas por enquanto não nossos sonhos que dividimos no trabalho forçado, nas prisões, nas bocas de fumo, na fila do hospital.
"Baby, baby
Ain't it true"