terça-feira, 14 de junho de 2011

fogo e água fria

Cada vez mais vejo que o verdadeiro fogo é criado através da aproximação das pessoas, o sentimento de acreditar em alguém, de amizade, de amor, que não se perde no meio do caminho. Consigo ver isso depois de muitas vezes ter revisto as coisas e constatado que existe entre duas pessoas é verdadeiro, que sonhos se sonham juntos sim, que é possível ser um só. Que o amor pode ser muito e pode ser muito difícil de ser vivido, que exige entrega e desprendimento. Tudo pode mudar com uma atitude. Vi que velhas amizades são como vinhos, só que depende de cada pessoa se dar conta disso. Sentimentos tão fortes entre duas pessoas são grandes demais pra ficar contidos, dá uma vontade de quebrar tudo, o estranho que isso acaba levando a distância algumas vezes, o medo da destruição, da força e do poder.
Mas além desse lado muito bom tem a falta de ação das pessoas, que se esquecem do acreditavam, que se moldam a sociedade e seguem as regras ditadas em grandes salões ricamente decorados com o dinheiro alheio, máximas que por vezes são ridículas mas que ditas por pessoas de roupa garbosa se tornam leis de comportamento, instrumento de ódio e segregação. Vidas começam a ser oprimidas por uma sociedade cruel que tem a aceitação de possíveis heróis que caem no gozo do conforto barato e ilusório.
Porém chego numa situação de parar de socar cacos de vidros, mesmo preferindo a dor da opressão do que as náuseas da obediência tento agora seguir caminhos práticos, que almejam resultados por algum tempo, desejo guardar energias para momentos extremos e assim aproveitar o máximo nas minhas verdades e de quem vale a pena conviver. Viver o que vale a pena enquanto não viramos a mesa.
Me desiludi completamente com a juventude atual, vi que só a ela pode fazer a verdadeira mudança, mas a de hoje é uma das mais caretas e influenciada, poucos são os que foram a luta. A juventude hoje cumpri muito bem o papel da conservância, do elitismo, da ignorância, dizia Cazuza que hoje deve estar bem melhor que nos tempos da ditadura, mas por esperar muito mais vivo decepcionado. Quem diria no 1984, o que fazemos hoje é um mínimo das mudanças que queremos, e se formos pegos estaremos, só é uma pequena chama que protegemos.
Ainda sim eu e muitos somos do tipo de continuar lutando haja o que houver, talvez façamos nada até, mas o sentimento sempre será de inconformação, de muito o que lutar ainda. E assim vivemos pelas metades, dedicada a vida às causas, aos guetos, as batalhas diárias, a derrota certa. Ao mesmo tempo que procuramos um mundo melhor tento achar um significado pra minha vida, provando das piores águas, do frio madrugada, do sol do meio dia, fugindo da responsabilidade e também da diversa, desencontrando dos amigos e abraçando os inimigos.
Como consequência de toda essa roda vida vem uma revolta extrema do que não tinha que ser foi.
Mesmo ignorando tanto o meu destino, ainda é difícil de ignorar as coisas vendo que tem gente que luta bem mais que eu, que chega ao extremo, que já morreram, que estão apanhando. Gente que ama demais, que nos da energia, que brilha tão forte quanto as estrelas contrastam no céu escuro, brilhando e nós podendo contemplá-las e lembrando de como mundo foi belo em algum sonho de criança.
Cada novo dia começa uma nova luta sangrenta nos mais belos campos. Trabalho, diversão, injúrias e sonhos se misturam na urbe.

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