sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A quimera, o cachorro Kill e o patinho feio



O cachorro Kill é mais feliz quando vai pra casa da quimera. Apesar de ele estar sempre feliz, brincando, dormindo preguiçosamente todo o dia que ele tiver, ele realmente é feliz na casa da quimera.
Esse cachorro no entanto não é feio, tem uma pelugem alva, um belo físico, forte como um touro espanhol, um olhar sensível, aliás olhos verdes. Todos o acham bonito, todos adoram sua presença; sua família o acolhe e o amam. Mas de fato é que algo lhe falta, que deixa vazio, incompleto, amputado.
Apesar de ele ser adorado, ele desperta outro sentimento nas pessoas, o de medo. Sua truculência ora lhe conferindo carisma também gera estranheza, impacto. Todos o querem mas ninguém o "compra" por inteiro, apenas as suas faces mais belas, essas todos usam inadvertidamente, como num circo.
E a quimera?
A quimera é um animal da mesma espécie que a dele. Mas a quimera é mais, é um ser mitológico formado pela fusão de animais. Uma figura grotesca, pra lá de rude, mal humorada. E o Kill a visita e sente bem com ela. A quimera não tem tamanha admiração por ele, muitas vezes o acha patético até, a diferença é que o Kill não lhe causa estranheza, nem medo, nem tanto fascinação.
A casa da quimera, um lugar místico ou apenas lugar nenhum. Quando te perguntam "Onde você estava?" ou "Pra onde você vai?"; você simplesmente responde "Lugar nenhum", ou seja é na casa da quimera que você estava ou pra onde você vai. E ainda onde você mora, onde você dorme, seu país de origem ou casa dos seus avós.
Seguindo esse raciocínio o patinho feio é auto-explicativo, ou não? Pra deixar claro digamos que ele sempre pensou que era um pato estranho quando era na verdade um cisne, um belo cisne.
Há porém nessa história suas tensões. A partir do ponto de vista que ela é contada inteira, chegando ao final feliz, ao objetivo principal. Ninguém fala se o pato/cisne ficou drogado ou se acho os cisnes um tédio porque estava acostumado a ser pato.
Interessante comparar a história do tal pato com a do cachorro. A relatividade das coisas. A prática de tomar doses pontuais de felicidade para encarar o que se chama de sociedade, família, vida ou sobrevivência.
Ser criticado e ao mesmo tempo elogiado pelo Cazuza. Famosa, linda e drogada que nem a Marilyn Monroe. Tome conta de mim esta noite.

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