sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Atemporal.

Viajando, perdido neste exato momento eu posso fugir, finalmente, pode não existir nada além desse momento, só o depois disso e o antes.
Não preciso ser eu, posso me inventar e encontrar outras almas livres que renunciam a si mesmo neste exato momento. Você está em todo lugar mas em nenhum lugar, a sua existência não é válida, só existida, não assistida.
Apenas seu corpo necessita de sobrevivência, de alimento, de tudo o que o corpo deseja. Se a mente fica livre e seu corpo se diverte a pleno ar de liberdade quase ou já selvagem.
Este raro momento não pode ser destruído agora mas tem um tempo certo para acabar e não durará muito, irá embora de repente, pode ser que adormeça de tão relaxado que estará, um dor de cabeça pode vir depois que acorde.
Não é um sonho, não é o agradável. É carnal e impressionante sendo tediante, inevitável e automático.
Você vê, você vive pela primeira vez, desde quando você não falava, ou andava ou morria. Ao contrário da vida, quanto mais vivia, vivo estava. Menos sorria, menos agia, menos guardava, menos planejava, menos acontecia. Você ouvia, mordia, reagia, protegia, era atacado e desgostado, pouco sentia.
Agora isto está perdido no espaço e tempo é apenas um outro dia.
Imagem:  The Bohemian, William Adolphe Bouguereau.

Um comentário:

  1. Tudo se perdeu, e se perderá em qualquer outro dia. As coisas tem seu tempo, mas nem sempre acabam no "certo".

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